Perdoar não é só dizer “eu te perdoo” e esquecer o que aconteceu. Perdão verdadeiro não é amnésia, pois nossas memórias não desaparecem. O verdadeiro perdão é criar “novas memórias” que superem as antigas. Quando perdoamos, estamos dando uma nova chance à pessoa que nos machucou. Sem essas novas chances, o passado continua se repetindo, sempre presente em nossas mentes. É só quando criamos “novas experiências”, novos momentos, que conseguimos deixar o passado para trás. O perdão é um dos aspectos mais profundos e transformadores na prática da psicologia. A capacidade de perdoar não é um processo instantâneo ou simples, mas envolve uma compreensão profunda e uma reconfiguração de nossas memórias e experiências.
Perdoar não é simplesmente esquecer ou suprimir lembranças dolorosas. Ao contrário, a verdadeira essência do perdão reside na capacidade de criar “novas memórias” que possam suplantar as antigas. Perdoar é dar uma nova chance à pessoa envolvida, permitindo que uma nova paisagem emocional e mental se forme. Sem essas novas oportunidades, o passado continua a se atualizar em nossas vidas, perpetuando o ciclo de dor e ressentimento.
Nossas memórias têm o poder de permanecer vivas e presentes, sendo constantemente atualizadas em nossa mente. O processo de perdão envolve interromper essa atualização contínua ao introduzir novas experiências e vivências que oferecem uma perspectiva diferente. A introdução de novas memórias cria um espaço para o crescimento e a cura, permitindo que o passado deixe de ter um domínio tão forte sobre o presente.
Do ponto de vista da saúde mental, o perdão traz inúmeros benefícios. Ele reduz o estresse, alivia a ansiedade e a depressão, e promove um senso de bem-estar e paz interior. Além disso, o ato de perdoar tem o poder de melhorar relacionamentos, fortalecer a resiliência emocional e fomentar um senso de continuidade e conexão.
Em minha prática clínica, frequentemente falo aos meus pacientes sobre a importância do sentimento de continuidade, baseado na teoria de Winnicott. A mágoa, o ressentimento e a dor muitas vezes nos impõem rupturas, e a sociedade moderna frequentemente vê essas rupturas como formas de alívio. No entanto, o verdadeiro alívio e a verdadeira cura vêm da renovação do sentimento de continuidade — um sentimento que deve ser cultivado desde o início da vida.
Não se trata de perpetuar os erros do passado, mas de aprender a partir deles e gerar novas experiências positivas. O erro, por si só, não ensina nada; o que realmente importa é como lidamos com o erro e a maneira como buscamos acertar a partir dele. Este processo de reconfiguração das memórias e comportamentos é fundamental para a verdadeira aprendizagem e crescimento.
Só aprendemos de verdade quando nos permitimos criar “novas memórias” de acerto. O reconhecimento do erro é crucial, não para perpetuar o ciclo de erro, mas para transformar o problema e criar “novas oportunidades” de acerto. O perdão, portanto, é uma forma de aprendizado, uma forma de treinar novos comportamentos e construir um novo caminho a partir da experiência.
A psicologia do perdão é um processo de renovação e transformação, onde o passado pode ser reinterpretado e onde novas memórias podem suplantar as antigas. No meu trabalho clínico, vejo o poder do perdão diariamente, ajudando meus pacientes a encontrar continuidade, paz e uma nova maneira de viver e relacionar-se com o mundo.
Sempre gosto de terminar o que escrevo deixando algumas perguntas para que você possa pensar e responder sinceramente e se tiver alguma necessidade sobre isso que queira conversar, basta entrar em contato comigo para agendarmos uma sessão.
- Você sente que as lembranças dolorosas do passado ainda têm um impacto significativo em sua vida atual? De que maneira essas memórias afetam seu bem-estar diário?
- Você acredita que a falta de perdão está perpetuando sentimentos de mágoa e ressentimento em seus relacionamentos? Como isso tem influenciado suas interações com os outros?
- Ao refletir sobre o conceito de criar “novas memórias” para superar as antigas, você consegue identificar momentos em que poderia dar uma nova chance a alguém que o magoou? Como isso poderia impactar sua jornada de cura?
- Você percebe uma sensação de ruptura em sua vida devido a mágoas passadas? Como o sentimento de continuidade, como mencionado na teoria de Winnicott, poderia ajudar a restaurar seu senso de paz e bem-estar?
- Você tem dificuldade em reconhecer e aprender com os erros do passado? Como a prática do perdão poderia transformar esses erros em novas oportunidades de acerto e crescimento pessoal?
Psicóloga Auriciene Lidório
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